Eu passei. Fui ultrapassado, como um carro velho enferrujado, como um microcomputador de 8 bits, um TK85, um CP 400 ou um HotBit ou Expert. Fui superado como tudo o é pela vida afora, mas não há o que contestar, é o destino da maioria das coisas e seres. Mas não me arrependo, não tenho remorso e nem me envergonho. Ao contrário tenho orgulho e saudade. Sou de uma outra época, de um outro mundo que cada vez mais pertence ao campo das memórias; mas, são boas memórias. Sou de um tempo que se podia andar em Brasília de madrugada tranquilamente, podia-se até dormir no ponto de ônibus sem virar churrasco. Do tempo que Michael Jackson era negro, do tempo que Elton John fazia sucesso. Sou do tempo que se saía de uma festa ouvindo Bee Gees e se entrava em outra e a música era a mesma e continuava na segunda festa no ponto em que parou na primeira. Do tempo que os Opalões e Ômegas eram carros chics. Do tempo em que Cazuza cantava "Eu queria ter uma bomba" ...e todo mundo sabia o que era um "flit" (alusão mais precisa às bombas de flit). Os velhos como eu têm a mania de dizer que seu tempo era perfeito, que tudo era melhor. Mas isto é apenas uma ilusão, a memória tem uma tendência a guardar as coisas boas e descartar as ruins. Lógico que os políticos do meu tempo também roubavam, as pessoas também mentiam e enganavam, e dinheiro, (como sempre) nunca dava para nada. Mas tudo era bom, éramos jovens, nossos corpos funcionavam tão bem que a gente nem lembrava que tinha corpo! Mas valeu, foi bom, e é bom recordar, ainda que agora sejam só memórias, que são aparentadas com a ilusão. Mas, o que existe de melhor na vida, senão a ilusão? Como a beleza do arco-íris, por exemplo, se você o descreve do ponto de vista físico, vai-se toda a magia, toda a poesia, todo o romantismo, mas isto é uma história para outro texto... E relembremos que como dizia o poeta: "tudo vale a pena se a alma não é pequena"....
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