terça-feira, 15 de janeiro de 2013

VAMOS TODOS MORRER!


        Vou morrer. Vamos todos morrer! A morte é a verdade absoluta!!! Sinto que estou morrendo. Na verdade estamos todos morrendo, desde o dia em que nascemos. O ser humano começa a morrer no momento em que nasce. Se não se sucumbe de uma vez é porque os nossos mecanismos de regeneração o impedem. O pior é que sinto que estou morrendo mais rápido do que os outros. Não adianta ter medo. Não adianta ficar ansioso. Morre o corajoso e morre o covarde. Morre o alegre e morre o triste. Não adianta nada! Morrer é a lei inexorável da vida. Morre o efeminado e o muito másculo. Morrer é a lei do mundo,  morrer é a lei do universo, pois tudo morre, termina e acaba. Morrem as estrelas  e as galáxias. Algumas filosofias e religiões afirmam que é necessário o morrer para garantir o renascer.
        Não adianta xingar, não adianta espernear, não adianta nada! De qualquer jeito, no momento definido por Deus ou pelo universo, ou, por ambos, porque acredito que um e outro se confundem e são manifestações diferentes da mesma deidade, ela virá, impávida, decidida, impassível e majestosa.
        Um conceito antigo aconselha a encararmos a vida como uma viagem cujo destino é a morte, defende que devemos desfrutar mais da viagem porque o destino é o clímax, é onde se deve relaxar  e descansar e onde não existirá mais aventuras, novidades e desafios.
        Li certa vez um fragmento de um escrito de Sidarta Gautama (Buda) onde ele discorria sobre o medo que temos de morrer. Analisava ele que basicamente temos medo da perda do contato com aquilo que chamamos de "realidade". Na verdade temos medo de não mais ver, de não mais ouvir, de não mais tocar os objetos, de não mais sentir as fragrâncias e nem sentir os paladares. Ocorre porém, e aqui aproveito para colocar uma observação minha, observação travestida de divagação; ocorre que antes de nascermos não tateávamos, não degustávamos, não ouvíamos, não víamos e não cheirávamos; morrer é simplesmente voltarmos para onde estávamos antes, ou seja, "em outras palavras", a exceção à regra é estarmos vivos. Voltando ao Buda, ele coloca que ora absorvemos parte da natureza, água, ar, alimentos; ora devolvemos-lhe outras partes; gás carbônico, excrementos, urina, restos do metabolismo; ou seja, somos parte da natureza, de uma forma ou de outra. Usando estes argumentos o Buda afirma que não  há porque ter medo de retornar para o seio da mãe terra. Diz-se que os artistas ou as pessoas iluminadas,  que contribuíram de alguma forma  para a humanidade e para a felicidade e o saber  de seus semelhantes, são imortais, porque apesar de não terem mais o corpo vivo, permanecem vivos nos livros, no inconsciente coletivo e nas  mentes  das pessoas. Talvez nos sirva de consolo que, ao morrer, continuaremos vivos nas mentes dos nossos entes queridos, nossos amigos e parentes, aquelas pessoas que amamos e que também nos amaram. A morte não tem solução ou é  a solução de todos os problemas. Ao morrer não precisaremos mais nos preocupar com as contas a pagar, nem com a violência urbana, embora muitos a identifiquem com a violência; nem com as doenças, nem com o tempo ou quaisquer compromissos. A morte zera, nivela e extingue tudo!
         Certa vez pediu-se aos sábios que cunhassem uma frase, um axioma ou máxima que tivesse validade eterna, eles conceberam a sentença: "isto também passará". Assim é que tudo passará, tanto nós como as estrelas, como eu já comentei.
         Seguindo nesta linha, podemos dar azo a diversas divagações e devaneios, tais como: Toda regra tem exceção, isto é uma regra, e sua exceção é ela própria, ou seja, existir uma regra que não admite exceção, tal como a morte. A morte é um paradoxo, uma equação transcendente, exata e inexata ao mesmo tempo, um mistério indecifrável, ou a solução máxima de todos os mistérios, perguntas, indagações e equações.

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